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sexta-feira, 3 de agosto de 2018

O que é Dismorfia Corporal?

Ben Weber/UnSplash

Perceber certas características em nós mesmos como falhas, como um dente torto ou coxas com estrias, está longe de ser incomum ou anormal. Mas o desenvolvimento de uma obsessão por essas supostas falhas em nossa aparência é conhecido como transtorno dismórfico corporal (TDC).

O TDC afeta algo entre 1,7 e 2,4% da população geral, que é de cerca de 1 em 50 pessoas. O distúrbio, que pode afetar homens e mulheres, é classificado no espectro obsessivo-compulsivo.

Isso significa que a pessoa afetada provavelmente recorrerá a comportamentos compulsivos para lidar com o que eles acreditam ser imperfeições. Por exemplo, alguém com acne pode constantemente escolher em sua pele.

Aqueles com BDD também podem se sentir muito desconfortáveis ​​quando se olham no espelho ou gastam uma quantidade excessiva de tempo comparando suas partes do corpo com as dos outros. A comparação é frequentemente realizada com celebridades que são uma preocupação comum entre os jovens, particularmente adolescentes.

Embora os anúncios de capas de revistas e campanhas publicitárias tenham sido anunciados no passado por promoverem padrões irrealistas de beleza, pesquisadores do Boston Medical Center acreditam que o mesmo ciclo está sendo propagado por mídias sociais e aplicativos de edição de fotos para smartphones.

Seu novo estudo foi publicado na revista JAMA Facial Plastic Surgery em 2 de agosto.

Artur Debat via Getty Images

Os pesquisadores argumentaram que as percepções de beleza estão sendo influenciadas por selfies filtradas de nossos próprios amigos e colegas. Eles destacaram como as pessoas que sofrem com o BDD hoje podem procurar mídias sociais em busca de validação.

Mas a tecnologia pode ter um impacto prejudicial, já que um dos estudos citados mostrou como as adolescentes manipulam suas fotos online quando se preocupam mais com a aparência do corpo. Outra descoberta revelou que quase 55 por cento dos cirurgiões plásticos relatam ter visto pacientes que procuram por eles com a intenção de melhorar a aparência deles em selfies.

"Um novo fenômeno chamado 'dismorfia de Snapchat' apareceu onde os pacientes estão procurando uma cirurgia para ajudá-los a aparecer como as versões filtradas de si mesmos", disse Neelam Vashi, diretora do Centro de Pele Étnica da Faculdade de Medicina da Universidade de Boston.

"Selfies filtradas podem fazer com que as pessoas percam o contato com a realidade, criando a expectativa de que devemos estar perfeitamente preparadas o tempo todo."

Embora a maioria das pessoas possa tomar selfies sem enfrentar tais problemas, Vashi observou que as pessoas que têm sintomas de dismorfia corporal podem achar que sua obsessão começa a piorar. Adolescentes estão entre aqueles que estão em maior risco para o TDC, disse ela, tornando importante para os profissionais de saúde compreender as implicações das mídias sociais na imagem corporal.

Cirurgia estética não é recomendada por especialistas nesses casos. A Associação de Ansiedade e Depressão da América lista a terapia cognitivo-comportamental como a primeira escolha de tratamento para aqueles que sofrem do transtorno.











sexta-feira, 22 de maio de 2015

O que é o Transtorno da Aversão Sexual?



Após uma tentativa de suicídio, William, com pouco mais de 40 anos, recebeu indicação médica para fazer terapia. Ele nunca havia tido qualquer tipo de contato sexual.

Semanas após o início do tratamento, o paciente obteve um diagnóstico. Ele tinha o chamado "Transtorno de Aversão Sexual", caracterizado por rejeição extrema e persistente a todo tipo de contato genital com outra pessoa.

"A mera ideia de um ato sexual gera asco, repulsa e ansiedade na pessoa. Ela se sente ameaçada e passa a sentir um medo muito intenso, por isso faz o possível para evitar todo tipo de contato", disse à BBC o psiquiatra Martin Baggaley, diretor do Centro de Saúde Mental do hospital South London and Maudsley, em Londres, Reino Unido.

O transtorno é descrito no Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders ou DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, em tradução livre), conhecido como a "bíblia da psiquiatria", e na Classificação Internacional de Doenças (CID) da Organização Mundial de Saúde (OMS).

As duas publicações são referência no mundo da saúde para o diagnóstico de doenças.

"O critério para fechar diagnóstico é: não ter desejo incomoda? Sabemos que existem abstêmios, chamados assexuados. Não sofrem, não se preocupam. A libido provavelmente está depositada em outra área, na carreira, num projeto de vida, numa obra social. Então, se não incomoda, não vamos categorizar como uma doença", disse à BBC Brasil Carmita Abdo, psiquiatra e professora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).

"Mas se a pessoa tem aversão, muito provavelmente vai se incomodar, porque o sexo está em toda a parte", disse Abdo.

Este parece ser o caso do paciente William. Durante as sessões de terapia, ele revelou que sua mãe era alcoólatra e promíscua. Ela flertava frequentemente com os amigos do filho e tinha sido infiel ao marido (o pai de William) várias vezes. Quando William tinha 12 anos, seu pai cometeu suicídio.

Em algumas ocasiões, contou o paciente, a mãe tinha tentado seduzi-lo.

O caso de William foi um entre 144 incluídos em um relatório feito pelo especialista americano Patrick Carnes, autor de vários livros sobre transtornos sexuais.


A aversão estaria relacionada a "experiências traumáticas na infância, famílias desestruturadas, agressões na vida adulta, exposição a sistemas educacionais e morais restritivos e com visão negativa da sexualidade, o que gera medo e repulsa na pessoa", disse à BBC Modesto Rey, ginecologista da Sociedad Española de Contracepción.


Além do Sexo

Os efeitos desse transtorno não se limitam ao plano sexual, explicam os especialistas.

"É um problema para os que sofrem (do transtorno) porque podem querer estabelecer relações sentimentais duradouras com outras pessoas, mas não conseguem", disse John Dean, ex-presidente da International Society for Sexual Medicine (Sociedade Internacional de Medicina Sexual, ISSM na sigla em inglês).

Em alguns pacientes, ele pode dificultar até interações sociais mais básicas. Como no caso da paciente "G", que decidiu, aos 39 anos, procurar terapia no Center for Healthy Sex (Centro para o Sexo Saudável), em Los Angeles, Estados Unidos. Ela nunca havia tido relações sexuais.

A fobia sexual que desenvolveu fez com que se isolasse de tal maneira que ela passou a evitar eventos sociais e situações em que homens pudessem estar presentes. Não se preocupava com sua aparência física, não tomava banho e usava roupas velhas e gastas.

"G" havia sofrido abuso sexual na infância.


Estatísticas e Tratamento

Há poucos estudos científicos sobre esse transtorno, o que dificulta a identificação de um perfil do paciente que tem o problema, segundo especialistas. É provável que o número de pessoas afetadas seja maior do que se pensa, disse o psiquiatra Baggaley. "As pessoas sentem muita vergonha (de falar sobre) esse assunto", explicou ele.

A professora da USP Carmita Abdo disse que, uma vez feito o diagnóstico, o tratamento é feito à base de terapia sexual e, quando necessário, medicação.

"A linha de terapia sexual é breve, de base cognitivo-comportamental, geralmente", disse. "Quanto à medicação, depende da necessidade de cada paciente. Poderiam ser indicados ansiolíticos ou medicamentos que favoreçam o interesse sexual, ou ambos."

O ginecologista Modesto Rey, que também indica terapias de base comportamental, explicou o princípio por trás da terapia: "Aborda-se o tema e as situações que provocam medo de forma progressiva e, inicialmente, periférica."

Também podem ser usadas terapias cognitivas, ele disse, "para que a pessoa reinterprete a realidade que gera a ansiedade".

Outros especialistas sugerem que a solução para o problema envolva tratamentos psicológicos de longo prazo, que levem o paciente a entender as causas do transtorno para depois definir objetivos futuros.


Fonte: BBC


quinta-feira, 22 de maio de 2014

Vigorexia


Por MADSON MORAES

A busca pelo corpo perfeito não é exclusividade feminina. Jovens e adultos malham durante horas para garantir seus músculos, e detalhe: quase nunca se sentem satisfeitos com o corpo e a imagem que conquistam. Um estudo realizado em Minnesota (Estados Unidos) com 1.307 adolescentes e publicado no jornal americano "Pediatrics", em novembro de 2012, revelou que 90% deles se exercitam apenas para ganhar músculos.

Estes jovens que cultuam a forma física em excesso e que fazem de tudo pelo corpo perfeito, desrespeitando ainda o "mente sã, corpo são", podem sofrer de um distúrbio chamado 'vigorexia'. A pessoa que tem esse problema, também conhecido como 'Síndrome de Adônis', em referência ao deus grego da beleza, nunca está satisfeito com sua imagem corporal. Devido a isso, o treinamento ou musculação se torna uma obsessão prejudicando as saúdes física e mental.

No mundo dos famosos, por exemplo, o site britânico "Daily Mail" levantou recentemente a hipótese de que a rainha do pop, Madonna, pode sofrer desse exagero na musculação e dieta, uma vez que ela malharia horas por dia e seis vezes por semana. Embora tenham a mesma raiz, a distorção da imagem corporal, a vigorexia é o oposto da anorexia. Enquanto esta faz com que as meninas se olhem e se sintam sempre gordas, os vigoréxicos já têm uma musculatura bem definida, mas sempre se acham magros e fracos e, por isso, vivem na academia.

O diagnóstico das pessoas com vigorexia pode ser identificado a partir de comportamentos típicos, como treinamento excessivo, distorção da imagem corporal, baixa autoestima e as modificações preocupantes na dieta, além da tendência a se automedicar. Sem contar que os vigoréxicos fogem de situações nas quais o corpo possa ser exposto, desistindo de atividades sociais.

O transtorno, explica Cezar Vicente Jr, nutricionista especialista em transtornos alimentares, que trabalha no Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) em São Paulo, é conhecido como 'dismorfia muscular' ou 'bigorexia'. O termo tem origem nas palavras "vigor", que significa força; e "Oréxis", que significa fome, apetite. Daí que o sentido de vigorexia pode ser entendido como "o apetite por ficar cada vez mais forte".

A vigorexia foi recentemente incluída no novo manual de psiquiatria americano (DSM-V, 2013) e classificada como um subtipo do Transtorno Dismórfico Corporal (TDC), um problema de saúde mental relacionado com a imagem corporal. "Ainda existem poucos estudos sobre o tema e por isso há dificuldades para avaliar a prevalência de vigorexia na população. Entretanto, os que existem mostram que a maioria dos vigoréxicos são homens, mas pode ocorrer em mulheres também", explica Cezar, membro do Grupo Especializado em Nutrição e Transtornos Alimentares (Genta).